terça-feira, 11 de novembro de 2008
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Novo point cultural
Com direito a palhaço para a criançada que freqüentava as alas infantil e infanto-juvenil, e para os adultos, jazz – com a participação de Reinaldo, do Casseta & Planeta –, canapés, champanhe e até sessão de cinema com a presença de Ana Maria Bahiana. Pode-se dizer que foi uma festa em grande estilo e digna de uma livraria que quer conquistar um publico que já tem a seu dispor duas grandes livrarias como a Fnac e a Saraiva.
Festas à parte, que é apenas um atrativo, o que vale realmente destacar é a quantidade e a qualidade dos títulos que se espalham pelos dois andares da livraria: o melhor da literatura mundial, infantis, infanto-juvenis e inúmeros outros temas, além de CDs e DVDs. Consegui um maravilhoso exemplar de Canto general, de Pablo Neruda, por apenas 22 reais. E o melhor, você pode parcelar em até 3 vezes no cartão, qualquer valor.
A Livraria da Travessa está localizada no segundo piso, com ótimo ambiente, onde você pode ficar à vontade com seu escritor preferido; a obra, apenas, é claro.
Por João Rodrigues
A arte de ser feliz
Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz. Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas.Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Ás vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.E eu me sinto completamente feliz. Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
Selecionada e postada por Daniele Marques
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Outra vez criança
terça-feira, 4 de novembro de 2008
Doce pecado
Sua vida sempre fora dedicada a ajudar os necessitados, dedicada à religião e à igreja. Fora internada em um convento aos 13 anos de idade, quando seu corpo já estremecia ao sentir a presença de um homem, e os seus desejos viviam à flor da pele. Morena, de olhos verdes e cabelos pretos escorrendo ombros abaixo – graças à mistura de etnias que reinava em suas raízes – lábios grossos e bem-feitos e muitos outros atributos com os quais a mãe natureza a presenteara, Naiara fora a musa do colégio, depois, da igreja, e por fim, daquele convento com ares de santo. Mesmo cercada de hinos e orações, sua beleza não se deixou morrer. Algumas irmãs achavam-na bela, outras, invejavam-na, e outras ainda adorariam ter com ela uma noite de amor, apenas.
Lá embaixo, vozes entoavam um belo hino de louvor; e, dentro de si, como se tivesse tomado aguardente, uma onda de calor aquecia tudo. Seu corpo estremecia, um fio de suor descia de seu rosto pálido. Sentia tudo aquilo pela primeira vez. Teve medo. Sabia que era da carne. O pecado estava tentando sua alma. Aqueles desejos reprimidos afloravam, não conseguia mais mantê-los em segredo; o corpo pedia que os satisfizessem. Não havia mais como controlá-los. Na parede à sua frente a imagem de uma santa sorria, de escárnio, pensou, ou talvez a perdoando. Maria Madalena. “Quem nunca pecou que atire a primeira pedra”. Pareceu ter ouvido alguém falando isso. Não sabia mais se ouvia ou se sonhava.
A porta se abriu. Seu hábito foi arrancado violentamente. E todo o seu corpo se entregou ao pecado, ao desejo, ao prazer condenável pela igreja, pelos santos e por todos aqueles que não tiveram a coragem de se entregar aos prazeres do corpo com os quais Deus nos fez. Ao prazer que carrega direto ao fogo do inferno. Ao inferno que vivia dentro dela, ao fogo que incendiava a sua alma. À maçã. À Eva, ou Lilith. Ela descobriu o conhecimento, o prazer, o pecado no imundo e belo corpo da madre superiora.
Vencedores do Prêmio Jabuti 2008
Para quem é do mercado editorial ou mesmo apenas um simples leitor que gosta de ficar antenado ao que ocorre no mundo literário, pode acessar a página www.premiojabuti.com.br/BR/resultadofase2.php e ver quem foram os vencedores das 20 categorias selecionadas.
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Nova Ortografia da Língua Portuguesa - Palestra
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Em uma das eleições mais acirradas da história do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB) venceu o candidato do PV, Fernando Gabeira, com pouco mais de 55 mil votos. Para se ter uma idéia mais ampla do que isso significa, é o equivalente a mais ou menos um terço do Maracanã cheio em jogos importantes do Flamengo em campeonatos brasileiros.
Esporte e política à parte, o que realmente quero comentar é o fato de o novo prefeito afirmar que vai investir bastante na área de educação, e isso será muito bom. O fim da aprovação automática, que recebeu grande destaque durante a campanha de Paes, terá fim logo, logo, segundo o futuro prefeito. Se é que possível, pois isso acarretará muito gasto, uma vez que terá de contratar mais professores, o que ele também garantiu que fará, além de arranjar mais espaço físico para os possíveis alunos reprovados e mais os novatos. Os professores que se preparem, pois o índice de repetentes será enorme, superlotando as salas e deixando os mestres mais sobrecarregados ainda.
Concordo com o fim da aprovação automática, na verdade isso nunca deveria ter acontecido; que seja feita a vossa vontade! Paes que se prepare para consertar a lambança feita por seus antecessores.
“A aprovação automática é terrivel, encontrei mães dizendo que filhos de 12 anos não sabem ler. Vou fazer um grande debate conversando com o magistério para não irmos para o lado errado, com repetição de ano e evasão escolar. Mais professores serão contratados”, afirmou Paes. (Fonte: O Dia)
Vamos esperar pra ver.
(Foto: Carlos Wredde - Agência O Dia)
Por João Rodrigues
domingo, 26 de outubro de 2008
Durante os 30 dias em que o site ficou no ar, 363 colaborações foram inseridas - mas apenas 173 aproveitadas - mais de 14 mil pessoas visitaram o site.
O livro conta a história de Bruno, um adolescente que sonhava em ser escritor, e, ao ganhar um computador, começou a escrever, mas teve seu texto roubado - e o computador também, é claro. O enredo gira em torna do mistério: Quem roubou o texto, e por quê?
"O texto foi roubado,mas o livro jamais desaparecerá. Tal como a palavra, as idéias,a vontade de contar ou ouvir histórias."
Alberto Dines - Jornalista (Texto de Quarta capa do Livro de Todos)
Sou um dos autores-colaboradores do livro, e fui ao lançamento na Bienal de São paulo. Eis na foto Moacyr Scliar e eu, na sessão de autógrafos.
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Lasciva Lula de volta (na internet)
E para quem viu o Lasciva Lula e gostou e ainda sente saudades da banda que se desfez há alguns meses, o grupo resolveu dar um presente especial. Os fãs ganharam um site novo onde tem cinco músicas novinhas que o grupo deixou à disposição da galera para ouvir e fazer downloads. É só acessar www.myspace.com/lascivalula. Os cinco novos sucessos são: Vontade de beijar Caetano, Entre Gêmeos e Leão, O Mistério da Moça, Carta ao Cals e Família Feliz.
Acessem e confiram.
Educação a distância: o caminho mais curto
Com a aprovação do MEC, esta idéia saiu do papel e pôs-se à prática, até agora com um alto e satisfatório índice de aprovação dos estudantes que escolheram este caminho mais curto, mais curto teoricamente, pois, na prática, levará o mesmo tempo da graduação convencional. A diferença é que a sala de aula é seu próprio escritório, e sua principal ferramenta é a internet, o que servirá de elo entre professores e alunos.
Segundo seus idealizadores, o ensino a distância veio para facilitar a vida do estudante, que pode controlar seu tempo, seu ritmo de aprendizado e se dedicar mais a tópicos específicos, e ainda sobrará tempo para se dedicar à família, ao lazer e a outras coisas pessoais, transformando o estudo em algo bem mais leve e satisfatório.
Na verdade, todos saem ganhando: governo, instituições e alunos. Mas, e os professores, o que acontecerá com eles? Terá espaço para todos? Será que o velho e bom professor cairá na virtualidade? Isso me faz relembrar o filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, quando o capitalismo começava a fazer um esboço na Europa do século 18, logo após a Revolução Industrial, na Inglaterra. Pelo menos não terá mais que ficar apertando parafusos, o que certamente reduzirá o nível de estresse; não enfrentará mais a poluição sonora, nem congestionamentos; não terá mais emprego...
Outra questão é: Os novos graduados a distância terão espaço no mercado de trabalho? Ou sofrerão algum preconceito, o velho preconceito que ainda existe quando se trata de universidades públicas e privadas? As instituições que usam esse recurso garantem que não.
Isso, só o tempo dirá.
João Rodrigues
sábado, 11 de outubro de 2008
O velho do sebo
Certa tarde eu o encontrei a folhear "O navio negreiro". Olhava a capa, abria, folheava, se lia não sei, colocou-o na estante, pegou-o novamente. Dirigiu-se ao balcão e perguntou o preço. Devolveu ao seu lugar. E assim fazia com todos os livros que pegava. Fiquei curioso.
Sempre que eu passava naquele local lá estava o velho a folhear livros; nunca o vi comprar nenhum. Era sempre a mesma coisa: abria, folheava, perguntava o preço e o devolvia ao local. Às vezes parecia normal, às vezes parecia maluco, mas assim são os loucos, ou os sãos.
Um dia, ao entrar no sebo, meus olhos o encontraram. Seu olhar fitava o meu expressando uma certa melancolia que contrastava com o verde de seus olhos que buscavam, na prateleira, mais um amigo para conversar. Perdi a coragem de me aproximar. O seu braço, trêmulo, tentava lentamente se arrastar até o objeto desejado. Cheguei a pensar em oferecer-lhe ajuda, mas recuei. Talvez eu tivesse invadindo a privacidade daquele pobre homem, mesmo assim continuei observando. Quem sabe agora não fosse falar com Bilac, Rachel, Lins. Esperei. Finalmente sua mão trêmula alcançou uma... Bíblia. Ele soprou a poeira da capa, folheou-a e parou em Mateus e leu em voz audível: "Mateus 11:28: Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei". Dessa vez não perguntou o preço. Achei que tivesse esquecido. Fechou-a e devolveu à prateleira. Levantou ao céu um olhar de piedade e saiu.
Nunca mais o encontrei por lá.
Por João Ferreira
Natal por outro ângulo
As ruas estavam vazias. Lojas e shoppings decorados com árvores de Natal e milhares de luzes coloridas que piscavam intermitentemente. O clima natalino pairava no ar. Fogos de artifícios estouravam aqui e ali. Algumas pessoas ainda passavam correndo em direção ao lar. Certamente a ceia estava sendo preparada e os familiares as esperavam para a confraternização. A casa à frente tinha uma mesa farta, repleta de refrigerantes, cervejas, panetones, rabanadas e uma infinidade de guloseimas. Crianças correndo pra lá e pra cá brincando com seus presentes que o Papai Noel trouxera. Uma música animada convidava todos a uma dança. Meia-noite. Homens, mulheres e crianças se abraçavamm e trocavam presentes, bebiam e comiam à vontade. Confraternizavam-se. A TV começava a apresentar a Missa do Galo. A paz, a comunhão, a solidariedade.O Pivete certamente não conhecia aquelas palavras assim como também não sabia de que forma saciar sua fome. E saiu sozinho pelas tristes ruas de uma alegre noite de Natal.