terça-feira, 11 de novembro de 2008

"Se a poesia não surgir tão naturalmente como as folhas de uma árvore, é melhor que não surja mesmo." John Keats Poeta britânico[1795-1821]

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Novo point cultural

(Esta não é a foto da Travessa no Barra Shopping)
Para os “ratos de livraria” que estão sempre em busca de novidades, inaugurou neste sábado, dia 09 de novembro, no Barra Shopping, a mais nova filial da Livraria da Travessa.
Com direito a palhaço para a criançada que freqüentava as alas infantil e infanto-juvenil, e para os adultos, jazz – com a participação de Reinaldo, do Casseta & Planeta –, canapés, champanhe e até sessão de cinema com a presença de Ana Maria Bahiana. Pode-se dizer que foi uma festa em grande estilo e digna de uma livraria que quer conquistar um publico que já tem a seu dispor duas grandes livrarias como a Fnac e a Saraiva.
Festas à parte, que é apenas um atrativo, o que vale realmente destacar é a quantidade e a qualidade dos títulos que se espalham pelos dois andares da livraria: o melhor da literatura mundial, infantis, infanto-juvenis e inúmeros outros temas, além de CDs e DVDs. Consegui um maravilhoso exemplar de Canto general, de Pablo Neruda, por apenas 22 reais. E o melhor, você pode parcelar em até 3 vezes no cartão, qualquer valor.
A Livraria da Travessa está localizada no segundo piso, com ótimo ambiente, onde você pode ficar à vontade com seu escritor preferido; a obra, apenas, é claro.

Por João Rodrigues

A arte de ser feliz

Cecília Meireles

Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz. Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas.Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Ás vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.E eu me sinto completamente feliz. Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

Selecionada e postada por Daniele Marques

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Outra vez criança

(Clique na foto para vê-la em tamanho real)


Se eu pudesse escolher entre avançar no tempo ou regredir

É claro que eu regrediria.

Eu voltaria a ser criança de novo

E me veria livre de milhares de problemas do dia-a-dia. Adeus computadores, adeus preocupações, adeus obrigações...

Eu vestiria minhas fantasias, pegaria minhas malas e partiria para o Reino do Faz-de-conta

E esqueceria que um dia fui adulto.

Lá, eu esfregaria uma lâmpada mágica e pediria ao gênio

Que nunca deixasse eu passar de criança.

Sim. Eu não quero mais ser adulto!

Tou cheio desse falso mundo feliz

Onde só há competições, competições, competições...

Há também desconfianças, traições, problemas...

As pessoas enlouquecem em busca de dinheiro e mais dinheiro – O cofre nunca enche.

Quero ficar com as moedas de chocolate

Quero lambuzar minha cara com elas
Quero poder sorrir de tudo e chorar quando tiver vontade.

Quero o colo de minha mãe,

Um abraço de meu pai,

A companhia das fadas e dos anjos.

Quero fazer barquinhos de papel

Bonecas de pano, bolas de meia

Quero sentir de novo meus dentinhos caírem

Quero de volta meu sorriso banguela - Mas aquele banguela que ainda não teve todos os dentes.

Quero me admirar com a lua, com o sol, com as estrelas

Poder correr atrás dos pombos sem me sentir ridículo

Quero sentar no colo de meu pai na beira da estrada e ver os carros passarem.

Quero ser feliz outra vez

Quero ser outra vez criança.
Por João Rodrigues

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Curvas


Nas curvas deste caminho
eu a encontrei.
Você passou.
Eu fiquei.

Doce pecado

Havia anos ela morava naquele quarto, em meio às coisas sacras e cercada de pensamentos que nem mesmo Deus deveria ficar sabendo — seria uma heresia, uma calúnia à Santa Madre Igreja se ela se permitisse a deixar sair de sua boca tais sentimentos. Na parede, um pôster de seu artista preferido (que ela mantinha guardada a sete chaves, longe dos olhos da madre superiora), seminu, com o tórax malhado e os músculos definidos — uma tentação — mostrava todas as perfeições de um corpo bonito, e fazia aflorar todas as imperfeições de uma mulher, suas fraquezas e desejos. Nunca tivera um homem antes e, aos 21 anos de idade, não conhecia ainda o doce e ardente gosto do prazer carnal. Aquele pôster ali, diante de seus olhos, lhe fazia viajar em meio a loucuras que não fora cometido nem mesmo nos primeiros dias de Adão e Eva, quando ainda freqüentavam o Paraíso.
Sua vida sempre fora dedicada a ajudar os necessitados, dedicada à religião e à igreja. Fora internada em um convento aos 13 anos de idade, quando seu corpo já estremecia ao sentir a presença de um homem, e os seus desejos viviam à flor da pele. Morena, de olhos verdes e cabelos pretos escorrendo ombros abaixo – graças à mistura de etnias que reinava em suas raízes – lábios grossos e bem-feitos e muitos outros atributos com os quais a mãe natureza a presenteara, Naiara fora a musa do colégio, depois, da igreja, e por fim, daquele convento com ares de santo. Mesmo cercada de hinos e orações, sua beleza não se deixou morrer. Algumas irmãs achavam-na bela, outras, invejavam-na, e outras ainda adorariam ter com ela uma noite de amor, apenas.
Lá embaixo, vozes entoavam um belo hino de louvor; e, dentro de si, como se tivesse tomado aguardente, uma onda de calor aquecia tudo. Seu corpo estremecia, um fio de suor descia de seu rosto pálido. Sentia tudo aquilo pela primeira vez. Teve medo. Sabia que era da carne. O pecado estava tentando sua alma. Aqueles desejos reprimidos afloravam, não conseguia mais mantê-los em segredo; o corpo pedia que os satisfizessem. Não havia mais como controlá-los. Na parede à sua frente a imagem de uma santa sorria, de escárnio, pensou, ou talvez a perdoando. Maria Madalena. “Quem nunca pecou que atire a primeira pedra”. Pareceu ter ouvido alguém falando isso. Não sabia mais se ouvia ou se sonhava.
A porta se abriu. Seu hábito foi arrancado violentamente. E todo o seu corpo se entregou ao pecado, ao desejo, ao prazer condenável pela igreja, pelos santos e por todos aqueles que não tiveram a coragem de se entregar aos prazeres do corpo com os quais Deus nos fez. Ao prazer que carrega direto ao fogo do inferno. Ao inferno que vivia dentro dela, ao fogo que incendiava a sua alma. À maçã. À Eva, ou Lilith. Ela descobriu o conhecimento, o prazer, o pecado no imundo e belo corpo da madre superiora.



Por João Rodrigues

Vencedores do Prêmio Jabuti 2008

Na noite de 31 de outubro passado houve a entrega do Prêmio Jabuti - que desde 1959 premia os melhores talentos da literatura brasileira - em São paulo, aos vencedores de 2008.
Para quem é do mercado editorial ou mesmo apenas um simples leitor que gosta de ficar antenado ao que ocorre no mundo literário, pode acessar a página www.premiojabuti.com.br/BR/resultadofase2.php e ver quem foram os vencedores das 20 categorias selecionadas.